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29ª edição do Festival dos Povos Indígenas é a reafirmação da Força dos Povos Ancestrais

Por Carlos Alexandre |
Fotos: Geise Nunes |

Na divisa entre o Amazonas e o Pará está a cidade de Juruti (PA) que realiza todo o último fim de semana do mês de Julho, o Festival dos Povos Indígenas que em 2023 chegou a sua 29ª edição. Um espetáculo de luzes, cores, cantos indígenas e a reafirmação da Força dos Povos Ancestrais.

O espetáculo dos Povos Munduruku e Muirapinima reúne em uma arena no formato de canoa cerca de 5 mi pessoas que acompanharam as duas agremiações defenderem seus temas. O povo Munduruku desenvolveu a temática “Povos Indígenas, Guardiões do território ancestral” enquanto que o Muirapinima trabalhou o tema “Terra Indígena: Nossos Pés, nossas raizes”.

Quatro jurados tiveram a responsabilidade de julgar as apresentações vindos do Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Paraíba e Mato Grosso do Sul.

Na avaliação dos Julgadores a Tribo Munduruku foi considera a melhor recebendo 480 pontos contra 479.5 do Muirapinima com uma diferença de 5 décimos. Com o anúncio do resultado a Munduruku chega ao Bicampeonato do Festribal.

18 contra 13

O povo Munduruku com a vitória em 2023 chega ao seu 18º título contra 13º do Muirapinima. Ao longo dos Festivais foram registrados quatro empates em 1998, 2000, 2006 e 2012.

O Festribal nasceu de uma ramificação do Festival Folclórico de Juruti, onde se apresentavam cordões de pássaros, quadrilhas, bumba-meu-boi e carimbó. Em 1993, surge a dança indígena de nome “Tribo Munduruku”, que, mesmo tendo coreografia indígena, competiu com o Grupo Folclórico “Ou Vai ou Racha” (que se apresentava com mesclagens de danças como carimbó, xote, quadrilhas e outras), sendo que o resultado oficial foi empate naquele ano.

Em 1994 não houve competição entre o Grupo Folclórico “Ou Vai ou Racha” e a Associação Folclórica “Tribo Munduruku”, sendo que as duas não se apresentaram no Festival Folclórico de Juruti, mas realizaram apresentações separadas. O Grupo Folclórico “Ou Vai ou Racha” apresentou-se na quadra da Praça da República e a Associação Folclórica “Tribo Munduruku” na quadra da Escola Estadual Deputado Américo Pereira Lima.

Em 1995, a professora Aurecilia da Silva Andrade ministrava a disciplina de técnicas de redação e expressão na Escola Américo Pereira Lima e solicitou aos alunos um trabalho sobre tribos indígenas. O trabalho foi apresentado em forma de danças e coreografias indígenas na quadra da escola, denominada Dança do Fogo. A apresentação teve boa repercussão e público. Naquele mesmo ano, no mês de julho, o grupo de dança foi convidado a se apresentar no Festival Folclórico de Juruti, denominando-se como “Tribo Muirapinima”, gerando oficialmente a primeira competição entre as tribos Munduruku e Muirapinima.

A festa retrata a cultura indígena em forma de música, artes cênicas, alegorias e danças. O modo de vida do caboclo, os rituais indígenas, o pescador e o farinheiro são algumas das inspirações do festival. Atualmente o Festival Folclórico das Tribos Indígenas de Juruti, conhecido popularmente por Festribal, é considerado um importante instrumento de fomento ao turismo na região.

É um evento democrático de ampla participação popular, que incentiva a expressão artística e contribui para a difusão da cultura e para o desenvolvimento regional, contando com elementos indígenas, da fauna local e musicalidade própria. Fortalece-se como uma das maiores manifestações culturais do Estado do Pará, pois é um evento que agrega criatividade, originalidade e autenticidade, desta forma visa a valorização da produção artesanal, o turismo, a cultura indígena, os artistas locais e regionais, dentre outros. Em decorrência da grandeza do evento, há uma participação quase na sua totalidade da população de Juruti.

Desde 2008 o Festival Folclórico das Tribos Indígenas de Juruti é considerado Patrimônio Cultural do Pará pela Lei Estadual no 7.112, de 19 de março de 2008; e desde 2011, pela Lei Municipal no 1.010/2011, de 23 de setembro de 2011, foi declarado e reconhecido como Patrimônio Cultural do Município de Juruti.

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