Agenor Tupinambá é notificado pelo IBAMA e corre o risco de perder Filó, sua capivara de estimação

Por Bruce Andrade e Anne Silva |
Foto: Divulgação |

Nesta terça-feira (18),  o fazendeiro e influenciador digital de Autazes, Agenor Tupinambá foi surpreendido ao receber uma notificação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), por supostos maus-tratos à Filó, capivara criada por ele como animal de estimação em sua fazenda, localizada no lago Acará Mirim em Autazes.

Em postagem realizada em suas redes sociais, Agenor deu mais detalhes sobre o caso. “Hoje eu passei por uma situação que nunca imaginei que passaria. Fui procurado por agentes do Ibama na minha faculdade, fui notificado e multado por maus-tratos de animais e várias outras coisas”, relatou.

Ainda segundo Tupinambá, a denúncia não condiz com a realidade do que é a sua relação com Filó. “Eu nunca seria capaz de fazer uma coisa dessas, mas são coisas que não podemos evitar”, concluiu.

Acompanhado da deputada estadual Joana Darc, Agenor foi até a Superintendência do Ibama em Manaus pedir informações sobre a notificação e foi informado que a denúncia foi feita por uma pessoa de fora do Amazonas. Em suas redes, a deputada afirmou que vai auxiliar o jovem que ainda foi multado em R$17 mil.

Agenor viralizou nacionalmente ao postar o seu dia a dia com a capivara, sendo convidado para participar do programa da Eliana, no SBT. Com mais de um milhão de seguidores em suas redes sociais, Agenor tem em suas origens, um diferencial e tanto para a produção de seu conteúdo que começou há mais ou menos 5 anos.

Natural de Autazes, o jovem produz conteúdos variados, com temáticas que vão desde esquetes de humor, rotina de trabalho e até reflexões sobre a vida. Embora distintos entre si, os vídeos possuem algo em comum: a maioria deles tem como plano de fundo, a fazenda e os animais.

A reportagem do Portal No Ar entrou em contato com a Assessoria de Comunicação do Ibama questionando a denúncia recebida por Agenor e eles nos responderam conforme nota abaixo:

“Durante operação de combate a irregularidades relacionadas ao uso da fauna silvestre realizada em todo o país, o Ibama identificou perfis em redes sociais nos quais está caracterizada exploração indevida de animais.

Uma delas, feita no dia 18 de abril, ganhou repercussão nacional, – o caso do influenciador digital Agenor Tupinambá.

O jovem estudante de agronomia ficou conhecido por publicar vídeos em que interage com animais silvestres da Amazônia como cobras, capivara, preguiça-real, paca, papagaio, entre outros.

Ao analisar o conteúdo das redes sociais do estudante, agentes ambientais do Ibama constataram que os animais eram retirados da vida livre e exibidos em situações incompatíveis com os hábitos das espécies como por exemplo banho com produtos de higiene humana, uso de roupas e ornamentos.

Devido a essas publicações onde Agenor aparece interagindo com animais silvestres, ele foi autuado por quatro motivos:

1 – Morte de uma preguiça-real, situação confirmada por Agenor;

2 – Prática de maus-tratos contra animal silvestre (preguiça real);

3 – Uso de espécimes da fauna silvestre sem a devida permissão de autoridade competente (capivara e papagaio);

4 – Exploração da imagem de animal silvestre mantido em situação de abuso (capivara) e irregularmente em cativeiro.

Ao autuar o jovem por práticas proibidas na legislação ambiental, o Ibama cumpre o papel de resguardar a fauna silvestre brasileira. A divulgação de imagens do uso de animais selvagens como animais domésticos estimula a vontade de as pessoas retirarem esses animais do seu habitat natural e, principalmente, incentiva o tráfico de animais silvestres.

Diante da situação, internautas saíram em defesa do jovem por acreditarem, com base no senso comum, que os animais estariam sendo bem tratados. No entanto, a introdução de hábitos típicos de ambiente doméstico em espécies silvestres inviabiliza capacidade de sobrevivência na natureza.

O Ibama defende, por determinação legal, que animais silvestres sejam mantidos em vida livre, onde prestam serviços ambientais de importância incalculável para a manutenção de um meio ambiente equilibrado.

É bom esclarecer que o jovem foi multado pela morte da preguiça-real que estava em sua posse, fato vastamente divulgado nas redes sociais. Outra notificação do Ibama ao jovem foi o uso de imagens de animais silvestres com monetização pelas redes.

O Ibama não retirou até o momento nenhum animal que está em posse de Agenor Tupinambá. O Ibama irá, primeiramente, realizar uma diligência para averiguar o estado de saúde e condições dos animais. A partir de laudos técnicos dos fiscais, o Ibama tomará as medidas legais cabíveis.

Também é importante deixar claro que por mais que as pessoas acreditem estar tratando bem um animal silvestre, mesmo que ele tenha sido resgatado, está indo de encontro a natureza do animal, que é de conviver com os seus em liberdade.

No caso de resgate de animais silvestres encontrados na natureza machucados ou filhotes, é necessário comunicar a posse para as instituições competentes e, assim, definir com base na lei o destino do animal silvestre..