Professor indígena do Acre ensina geografia e cultura ancestral para povo Shanenawa
Foto: Cileudo Shanenawa/Acervo pessoal
Na Amazônia, como regra, fazer educação não é algo simples. Das 616 escolas da rede estadual de ensino do Acre, mais de 200 estão localizadas em aldeias de municípios como Sena Madureira, Tarauacá, Feijó, Jordão, Santa Rosa do Purus, Marechal Thaumaturgo, Porto Walter e Assis Brasil.
Em uma dessas escolas, a Tekahayne Shanenawa, na aldeia Morada Nova, no município de Feijó, trabalha o professor Cileudo Shanenawa, que atua há 17 anos na educação e iniciou ensinando alunos do ensino fundamental, anos iniciais. Atualmente atua como coordenador administrativo.
Cileudo é um dos 548 professores indígenas da rede pública de ensino do Acre. Somente na escola em que ele trabalha são em torno de 173 alunos, desde o ensino fundamental, anos iniciais, passando pelos anos finais, até o ensino médio.
O educador conta que, na época, faltavam pessoas para preencher o cargo de professor. Por isso, acabou aceitando o convite para ministrar aulas na escola. “Fui convidado porque me dedicava aos estudos e era ativo nas reuniões e nas mais diversas atividades realizadas na nossa aldeia”, relata.
A partir do trabalho realizado em sala de aula, resolveu concluir os estudos. Cursou o ensino médio e posteriormente a graduação em uma universidade particular, obtendo licenciatura plena em geografia.
Em sala, já chegou a ministrar aulas na língua nativa. Conta que ainda não realizou todos os seus sonhos na educação. “Ainda pretendo me especializar, quero fazer mestrado e doutorado, para ajudar na educação das pessoas e da minha aldeia”, diz.
Segundo o professor, a escola é fundamental na vida social e cultural da aldeia, porque é lá que se resguardam as tradições do Povo Shanenawa, sobretudo se se levar em consideração o fato de a aldeia estar próxima à cidade de Feijó.
“A escola é o lugar onde a gente pode resguardar as tradições do nosso povo, pois podemos realizar um ensino voltado para a nossa realidade; isso é garantido por lei, embora a gente também tenha que trabalhar as questões da sociedade que estão a nossa volta”, explica.
O professor também ministra aulas práticas voltadas à cultura do seu povo, o que fortalece a identidade e transmite a força da sua ancestralidade.
*Com informações da Agência Acre