Escola de Maués é selecionada em projeto de educação inclusiva
Foto: Renato Ramalho/Divulgação
A Escola Municipal de Educação Fundamental (EMEF) Salum de Almeida, localizada em Maués, AM, foi selecionada com outras nove instituições de ensino do município, para participar do programa “Alavancas para a educação inclusiva de qualidade”, promovido pelo Instituto Rodrigo Mendes. Com a participação de 148 redes municipais inscritas no processo seletivo, Maués se destaca como o único município aprovado no estado do Amazonas. Ao portal A Crítica, a coordenadora de formação do Instituto Rodrigo Mendes, Katia Cibas, destacou a importância do projeto.
“O projeto ‘Alavancas para a educação inclusiva de qualidade’ tem como foco influenciar as políticas públicas de formação em educação inclusiva, visando a melhoria da qualidade. O projeto reforça o compromisso do Instituto Rodrigo Mendes de colaborar para que toda pessoa com deficiência tenha uma educação de qualidade na escola inclusiva,” explicou a coordenadora.
A iniciativa, que conta com o apoio do Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), do Movimento Bem Maior, do Instituto Ambikira e do Instituto Machado Meyer, busca a formação de educadores e também a construção de uma política de educação inclusiva que beneficie a todos. As escolas participantes foram selecionadas com base em critérios específicos, que garantem a inclusão de estudantes com deficiência e outros públicos-alvo.
Valorização da cultura indígena
Com 550 alunos dos anos finais do ensino fundamental, a EMEF Salum de Almeida ainda não sabia quantos destes estudantes tinham relação direta ou indireta com os povos indígenas. Do total de matrículas, 21 são de estudantes público-alvo da educação especial, a maioria com transtorno do espectro do autismo (TEA) e deficiência intelectual.
Para Etelvina de Lira Gomes, professora de Língua Portuguesa da unidade de ensino e participante do programa de formação do Instituto Rodrigo Mendes, enfatizou a relevância do projeto no contexto da educação indígena.
“Em Maués, existe uma concentração muito grande de pessoas indígenas, muitas delas se deslocam de suas moradias de rios longínquas, buscando melhorias de vida. Quando chegam na cidade, os alunos Sateré sentem dificuldade em usar a língua materna deles, pois as escolas não estão preparadas para recebê-los nesse sentido. E por isso muitos deles desistem de estudar,” destacou.
A inclusão da língua Sateré no currículo, segundo a professora da EMEF Salum de Almeida, é um passo importante para a valorização da cultura local e para a permanência dos alunos na escola. “Mas com o projeto Alavancas, a EMEF Salum de Almeida (que funciona em tempo Integral) começou a trabalhar com a língua materna na escola, procurando atender os Sateré. Para isso, foram contratados professores indígenas para trabalhar a língua Sateré”, ressaltou a educadora.
Outro passo importante adotado pelos educadores da EMEF Salum de Almeida, por meio do programa de formação foi o projeto “Pescadores de histórias, escritores de memória”. Desenvolvido na escola, o projeto tem se mostrado um importante aliado na promoção da inclusão. “A motivação para desenvolver o projeto surgiu da necessidade de se trabalhar a inclusão na escola de forma lúdica e dinâmica, para que todos os alunos pudessem conhecer sua própria identidade, respeitando a história de vida de cada um,” explicou Etelvina.
A EMEF Salum de Almeida, em Maués, assim, se une a outras escolas de diferentes regiões, como em Óbidos (PA); Campo Formoso (BA); Gado Bravo (PB); Irauçuba (CE); Lucas do Rio Verde (MT); Cajati (SP); Patos de Minas (MG); Alvorada (RS); e Canguçu (RS), na busca por uma educação mais inclusiva e de qualidade.
*Com informações do Portal A Crítica