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Artesãos de Figueiredo transcendem limitações transformando resíduos em peças com identidade local

Por Redação|
Fotos: Divulgação|

Em uma apresentação multimídia realizada na sede da Prefeitura de Presidente Figueiredo, artesãos locais testemunharam uma transformação notável em seus ofícios. As imagens iniciais revelaram trabalhos manuais simples, quase desprovidos de valor cultural ou apelo de mercado. Os próprios autores reconheciam as limitações de suas produções. “Que horror”, exclamou uma das artesãs. Entretanto, essas imagens documentavam o “antes”, um passado que parecia distante. Em seguida, a apresentação revelou o “depois”: artesanatos meticulosamente trabalhados, confeccionados a partir de materiais como fibra de bananeira, madeira reciclada, cachos de açaizeiro e casca de cupuaçu. Cada peça apresentava traços distintos, refletindo a identidade única do município. Foi um salto notável em termos de qualidade, autoestima dos artesãos e potencial econômico de Figueiredo.

Esse encontro marcando o término de um plano de ação de seis meses, uma parceria entre o Sebrae Amazonas e a Prefeitura local. O projeto começou com uma análise das condições de trabalho dos artesãos locais, a qualidade de suas criações e suas perspectivas no mercado. A partir desse diagnóstico, iniciou-se uma consultoria em artesanato, parte do programa “Reimaginando a Manualidade da Amazônia” (REMA), que já se mostrou bem-sucedido em cidades como Parintins, Novo Airão e Maués.

Edvan Carias, secretário municipal de Turismo, Empreendedorismo e Comércio, destacou o impacto desse programa: “É um resgate da autoestima dos nossos empreendedores, tanto no turismo quanto no artesanato. Seis meses de trabalho para construir uma identidade através do artesanato.”

A revolução artesanal em Figueiredo começa com a transformação de materiais outrora descartados, como cascas de frutas, serragem e fibras de árvores e plantas. Guiados pela criatividade, artesãos locais estão produzindo bolsas, brincos, itens de decoração e acessórios, todos agora com um valor agregado significativamente maior. A sustentabilidade é uma parte integrante do processo, com tintas naturais extraídas do açafrão, repolho roxo e colorau, criando cores e texturas vibrantes.

As criações também incorporam elementos da rica natureza local, incluindo o Galo-da-serra, uma ave de cor laranja inconfundível, cachoeiras e outros tesouros naturais de Presidente Figueiredo. Francineia Lameira, de 60 anos, utiliza grafismos inspirados no povo indígena Waimiri-Atroari em suas decorações para casa, feitas com cachos de açaí. “Antes, queimávamos essas coisas. Hoje, não mais”, observa.

Edvaldo da Silva, com 42 anos de idade, cresceu trabalhando com marcenaria, mas a pandemia de Covid-19 trouxe desafios ao seu negócio. “Então voltei para a marcenaria, mas comecei no artesanato”, conta. Agora, ele produz petisqueiras, farinheiras e até taças de madeira, incorporando também fibras de bananeira. “Hoje, vivo disso”, diz com satisfação.

Francineia, Edvaldo e outros oito artesãos estão aprimorando suas técnicas como membros do projeto Proa da Inovação. Recebem orientação e inspiração de consultores e artesãos beneficiados pela iniciativa. André Barbosa, consultor do projeto REMA, explica: “No REMA, eles aprendem sobre as atividades do Sebrae, os benefícios de se tornarem Microempreendedores Individuais (MEI) e a importância de terem uma carteira de artesão. Os artesãos convidados compartilham suas trajetórias, mostrando o progresso alcançado.”

Márcia Lima, analista de atendimento do Sebrae Amazonas, destaca a importância de estabelecer uma identidade sólida para os habitantes de Figueiredo que dependem do artesanato para sustento. “Conseguimos ajudá-los a descobrir e aproveitar ao máximo suas competências e potenciais. Muitas vezes, ouvimos que eles não acreditavam ser capazes de realizar as tarefas que agora dominam”, diz ela.

Com uma nova confiança e desejo de aprimorar suas habilidades manuais, os artesãos aguardam ansiosamente a articulação de uma rodada de negócios com empresários do setor hoteleiro e donos de restaurantes de Presidente Figueiredo. Essa parceria promete padronizar a identidade local no turismo, o segmento mais promissor do município.

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