Maio Roxo: gastroenterologista faz alerta para doenças inflamatórias intestinais
Por Redação|
Foto: SES-AM|
No mês de conscientização sobre as Doenças Inflamatórias Intestinais (DII), Maio Roxo, médicos alertam para as doenças crônicas que podem afetar diferentes partes do intestino. A gastroenterologista Arlene Pinto, que atua na Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD), destacou a importância do diagnóstico precoce e do tratamento dessas doenças.
De acordo com a médica, desconfortos intestinais, como dor abdominal e diarreia, por serem sintomas comuns e inespecíficos, podem ocultar problemas crônicos, como a retocolite ulcerativa e a doença de Crohn, condições que, quando não são tratadas corretamente, podem desencadear complicações graves.
“A gente costuma dizer que a doença inflamatória é um tripé, ela nunca é só uma diarreia. O sintoma chave sim é a diarreia crônica com presença de sangue ou muco nas fezes, acompanhado de uma dor abdominal intensa, sensação que não evacua totalmente, o que podemos chamar também de tenesmo. Mas essa pessoa raramente vai ter só diarreia, ela tem febre, dor nas articulações e até queda de cabelo”, explica a médica.
Além desses sintomas, a especialista acrescenta que o paciente pode apresentar uma manifestação extra-intestinal, como pioderma gangrenoso, espécie de ferida na pele, o olho vermelho e outras manifestações via biliar com uma colangite esclerosante.
Embora possa afetar homens e mulheres em todas as faixas etárias, as DIIs costumam ter dois picos de aparecimento: no início da vida adulta e a partir dos 50 anos de idade. Segundo a médica, é fundamental para o direcionamento do plano terapêutico a diferenciação dessas doenças com a síndrome do intestino irritável e intolerância à lactose, problemas intestinais com os quais se confundem.
Tratamento
Deve ser iniciado e realizado de modo contínuo com o primeiro atendimento em uma Unidade Básica de Saúde (UBS). Após essa primeira avaliação, o paciente será encaminhado para atendimento especializado. No estado, pacientes são acompanhados na Fundação Hospital Adriano Jorge e Policlínica Codajás. Pacientes com HIV/Aids são atendidos na FMT-HVD.
A especialista explica que o tratamento é medicamentoso, disponibilizado pelo SUS, e em casos mais graves é feita a cirurgia para retirada de parte do intestino.
“Na retocolite ulcerativa, a cirurgia é curativa e na doença de Crohn não, porque o Crohn é uma inflamação da boca ao ânus. Por exemplo, é feita a cirurgia no intestino delgado, mas pode haver uma ferida, uma afta, uma lesão na boca ou outra região. O objetivo, nesse caso, é cicatrizar esse intestino e devolver essa qualidade de vida do paciente”, disse.
Conscientização
O Maio Roxo é uma iniciativa da Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP) para dar visibilidade e conscientizar a população sobre as doenças inflamatórias intestinais, são as doenças de Crohn e a retocolite ulcerativa. No país, a campanha é celebrada há aproximadamente dez anos.
“Temos uma estimativa, porque como não são doenças de notificação compulsória, só temos acessos a dados a partir da solicitação de medicação da farmácia central. Somando os pacientes atendidos no Hospital Getúlio Vargas e na Policlínica Codajás, temos catalogados cerca de 300 pacientes, porém são números muito relativos. Por isso, chamamos a atenção para aquele paciente que às vezes fica com diarreia e acha que é verme e não procura o tratamento correto. Em longo prazo, essa doença não tratada pode evoluir para câncer de intestino e ser letal”, alerta a médica.