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Conheça a lenda autazense que deu origem ao Carapanã

Por Erick Sebastião* |
Foto: Erick Sebastião |

Localizada no interior do Estado do Amazonas, há 112km da capital Manaus, Autazes é uma terra é muito querida, pois conta com uma longa história, uma bela flora e fauna, além de uma rica cultura, cheia de danças, pratos típicos, costumes, entre mitos e lendas que são na maioria das vezes únicos desse povo.

Segundo o Indigenista e morador local há 50 anos, Ruy Sabino da Silva, Autazes é realmente um lugar admirável que possui uma grandiosa e bela cultura.

“Em minha opinião, acima de tudo eu admiro o folclore autazense, que possui os mais variados mitos e lendas, alguns inclusive sendo únicos desse região, visto que eu nunca presenciei nenhum outro povo relatar, como é o caso da Lenda do Carapanã”.

Ainda segundo o Sr. Ruy, a mais famosa de todas as lendas e umas das únicas de nossa região é a Lenda da Origem da Carapanã, sendo essa muito famosa por ter relação não só com a origem do inseto, como a origem do nome e da cor do rio Mutuca, que divide o município de Autazes com o Careiro da Várzea.

Confira a Lenda Abaixo:

Segundo relatos dos povos que habitavam a região, muito tempo atrás, no local hoje conhecido como Mutuca, ainda no tempo em que as águas do rio eram verdes e claras, havia um casal de jovens indígenas que se amavam muito.

Certo dia, o esposo saiu para caçar e nunca mais voltou, deixando sua mulher totalmente sozinha com seus filhos. A esposa, mais do que preocupada, procurava incenssantemente pelo marido, porém sem obter êxito algum. Ela chegou inclusive a recorrer à magia, usando desta para se transformar durante os dias em um grande gavião, que sobrevoava as matas em busca de seu amante desaparecido.

A transformação de gavião da esposa se iniciava apenas quando os raios de sol atingiam a mata e se encerrava durante o pôr do mesmo, logo, aquela mata que era coberta por árvores grande e altas como castanheiras demorava demais para iluminar-se, o que dava a impressão de noites mais longas para a moça, deixando-a cada vez mais impaciente.

Com o tempo, admirando a beleza da moça, um jovem pajé acabou se apaixonando por ela, que acabou não dando tanta bola para ele, pois só tinha olhos para o seu marido que estava desaparecido. Com ódio, em uma atitude descontrolada, o pajé recorreu à magia negra e criou uma praga que tornaria ainda mais longas as noites da moça e frustrariam ainda mais suas buscas. Em seguida, selou a tal praga dentro de alguns ouriços de castanha e deixou na porta da oca da jovem.

Mais tarde, a jovem que havia regressado de suas buscas, viu os ouriços e pensando ser um presente, abriu-os com a intenção de fazer um beiju com suas castanhas. Para a surpresa da jovem, após o rompimento do ouriço, surgiriam uma nuvem com milhares de pequenos insetos, eram os primeiros Carapanãs que passaram o resto da noite picando a moça, sem deixá-la dormir, fazendo uma interminável noite de agonia.

Já de manhã, em uma atitude desesperada e totalmente atordoada, a moça se transformou em gavião e ascendeu o mais alto e rápido possível rumo aos céus na tentativa de fugir de tudo aquilo, porém, o que ela não esperava era que devido a grande pressão e à alta velocidade, ela começaria a incendiar-se.

Com o tempo, apenas as cinzas da moça restaram, que após caírem nas águas do rio, tingiram-na de verdes e cristalinas à negras e turvas como são hoje em dia. Quanto aos Carapanãs, se espalharam por toda a região autazense, em seguida pelo Amazonas e o mundo, deixando a sua região de origem, o Lago do Mutuca.

 

*Do Projeto Jovens Comunicadores de Autazes.

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