Conheça a lenda da loura da estrada AM-010, um conto popular entre os moradores de Itacoatiara

Por Nivea Tamer* |
Fotos: Divulgação / Seinfra |

A construção da estrada AM-010, inaugurada em 1965, foi um marco na história de Itacoatiara. Até então, o único meio de se chegar à cidade era através do transporte fluvial. Com a estrada, surgiu a possibilidade de acesso por terra, mas a jornada não era nada fácil. A AM-010 era uma via com muitas curvas e abismos, e cruzada por animais selvagens como onças, antas, cutias, veados e jabutis, especialmente à noite.

As dificuldades e os perigos ao longo do caminho deram origem a várias histórias e lendas, alimentadas pelos relatos de motoristas que se aventuravam na estrada. Alucinações eram comuns, e muitos diziam ter visto criaturas do folclore amazônico como o Curupira, o Mapinguarí e até o Juma. Contudo, nenhuma história causou tanto terror quanto a lenda da Loura da Estrada.

Os antigos motoristas de Itacoatiara contam que, por volta do quilômetro 160, era comum aparecer do nada uma bonita mulher loura vestida de branco. Ao avistarem a figura misteriosa, muitos motoristas paravam seus veículos e ofereciam carona à encantadora desconhecida. Ela, por sua vez, aceitava o convite em silêncio. Durante o trajeto, o motorista, atento à estrada, voltava-se de vez em quando para verificar a presença da passageira. Em um desses olhares, percebia que a mulher havia desaparecido. O banco do passageiro estava vazio, e ao olhar para o banco de trás, também não havia ninguém. Assombrado, o motorista acelerava o carro até chegar quase em estado de choque à cidade.

Essa experiência aterrorizante era mais comum entre motoristas solitários. A explicação popular para a lenda era que a assombração tratava-se de uma enfermeira muito bonita que morrera em um acidente no mesmo trecho da estrada, e que agora pagava penitência assombrando os viajantes. A lenda da Loura da Estrada foi um fenômeno presente desde a década de 1960 até o início dos anos 1980, marcando a memória dos itacoatiarenses.

Fonte: Livro ‘Mitos e lendas de Itacoatiara’ do autor Frank Queiroz Chaves 

*Do projeto Jovens Comunicadores de Itacoatiara