Por dentro de Coari: desde a fundação até os dias atuais da cidade conhecida como a Terra do Gás
Por Andria Kamilly* |
Fotos: Arquivo pessoal |
Em outras matérias, já foram abordados vários assuntos no No Ar Coari, desde os moradores até os empreendedores da cidade. E que tal agora mergulharmos na fascinante história de Coari?
Primeiros Habitantes
Muito antes da chegada dos europeus, a região de Coari já era habitada por diversas tribos indígenas, como os Jurimauas, Catauixis, Jumas, entre outros. Esses povos viviam em harmonia com a natureza, pescando, caçando e cultivando a terra de forma sustentável.
Colonização e Fundação
A história de Coari remonta ao século XVIII. O primeiro núcleo de povoamento na região foi fundado pelo jesuíta espanhol Samuel Fritz. Após conflitos e desdobramentos pela determinação de Portugal em ocupar áreas anteriormente pertencentes à Espanha, Fritz faleceu, e com ele morreu sua causa.
A configuração do domínio português na região do vale do Solimões, onde Coari está localizada, deveu-se em grande parte à expansão das missões carmelitas. Em 1703, já havia 30 missões carmelitas, das quais nasceram Santana de Coary (atual Coari), Santa Theresa de Teffé (Tefé) e São Paulo dos Cambebas (São Paulo de Olivença).
Significado do Nome
O nome “Coari” também está ligado às raízes indígenas e possui duas versões sobre sua origem: das palavras indígenas “Coaya Cory” ou “Huary-yu”, significando respectivamente “rio do ouro” e “rio dos deuses”. O povoamento recebeu o nome de Coari por estar situado às margens do lago de mesmo nome, próximo ao rio Coari. O nome foi estendido ao município posteriormente.
Desenvolvimento e Crescimento
Em 1759, o povoado foi elevado a Freguesia de Alvelos, mas desapareceu poucos anos depois. Em 1854, a sede da freguesia foi transferida para a foz do lago de Coari. Em 1874, a sede foi elevada à vila pela Lei nº 287, e a instalação oficial da cidade ocorreu em 2 de dezembro do mesmo ano.
Consolidação Administrativa
Em 15 de novembro de 1890, o termo judiciário de Coari foi instalado. Em 1891, foi criada a Comarca da vila, mas foi extinta em 1913, subordinando-se à comarca de Tefé. A Comarca de Coari foi reinstalada em 1916, extinta novamente em 1922 e restaurada em 1924, permanecendo até hoje.
Cultura e Sociedade
A cultura de Coari é uma mistura rica de influências indígenas, portuguesas e de outros migrantes. A cidade celebra diversos festivais folclóricos, eventos religiosos e shows musicais que reforçam a identidade cultural local e promovem a integração social. A Catedral de Sant’Ana, construída em 1910 em estilo arquitetônico espanhol, é um marco significativo da cidade.
Economia e Desenvolvimento
Durante o ciclo da borracha, no final do século XIX e início do século XX, Coari experimentou um período de grande prosperidade. A extração de borracha trouxe riqueza e desenvolvimento para a região. Nos anos 1980, Coari passou por uma transformação com a descoberta de grandes reservas de petróleo e gás natural. A Província Petrolífera de Urucu fez de Coari um importante centro de produção de energia no Brasil, trazendo investimentos, empregos e um novo vigor para a região.
Desafios e Futuro
Apesar do desenvolvimento econômico, Coari enfrenta desafios significativos, como a necessidade de infraestrutura adequada, acesso a serviços básicos e preservação do meio ambiente. A cidade, localizada na sensível região amazônica, precisa buscar um desenvolvimento sustentável para garantir um futuro próspero.
Conclusão
Coari é uma cidade com uma história impressionante, marcada por períodos de riqueza e desafios. De um pequeno povoado à beira do rio Solimões a um importante centro de produção de energia, Coari continua a desempenhar um papel vital na região amazônica e no Brasil. A cidade nos convida a olhar para o futuro com esperança e a lembrar sempre de suas raízes ricas e diversas.
*Do projeto Jovens Comunicadaores de Coari