Saiba como o guaraná se tornou símbolo da cultura de Maués
Foto: Reprodução/internet
O guaraná (Paullinia cupana) é comumente chamado de guaranazeiro e uaraná, pela cultura indígena. De acordo com estudos arqueológicos, a planta foi domesticada entre cinco e seis mil anos atrás por nativos da região que se localiza entre os rios Madeira e Tapajós, no Amazonas, denominada em pesquisa como “região cultural do guaraná”.
O historiador e mestre em desenvolvimento regional, Fortunato Martins Filho, explica o desenvolvimento do guaraná e a importância cultural, social e econômica para Maués. A entrevista foi feita pelo Portal Amazônia em 2022.
De acordo com ele, devido a fatores geográficos e físicos, como o solo, vegetação, clima e relevo, a região onde está localizado o município de Maués é considerada um ambiente privilegiado para o surgimento de uma espécie única e efetiva adaptação e reprodução do guaraná. Fortunato Martins a denomina de “região cultural do guaraná”.
“No processo cultural, esses povos originários da região desenvolveram tecnologias para o cultivo da semente e também para o preparo do guaraná para beber. no cultivo da semente selecionaram as melhores mudas e assim tiveram uma melhor produção. no preparo para beber, desenvolveram a torrefação do guaraná, a pilação e o preparo da bola do guaraná, submetendo-a ao processo de defumação, onde o fumeiro, através da fumaça, leva uma película, que é da resina da madeira, e essa resina se transforma em uma película que protege essa bola do guaraná por um tempo significativo, que vai de um até três anos, uma tecnologia significativa para a época.”,
Importância do guarana para o mauesense
Ainda segundo Martins, é preciso destacar a importância da presença do guaraná no cotidiano da população. O pesquisador conceitua a “festa raiz do guaraná”, que se dá através de três grupos que tem essa planta no seu dia a dia: indígenas, ribeirinhos e a população urbana de Maués.
“Os grupos nativos bebem o guaraná tal qual sua ancestralidade, acreditando que, ao beber o guaraná, estão ‘bebendo a sabedoria’. eEles ralam o guaraná em uma cuia com água, e a mãe é a referência para fazer a ralação do guaraná. Nos grupos ribeirinhos, que ressignificaram essa cultura, eles também ralam o guaraná em uma cuia com água e em uma língua de pirarucu, produzindo o pó. no ato de ralar o guaraná, têm a inspiração de que o guaraná é a sua fonte de energia e realizam uma meditação para o dia. Os grupos urbanos também acreditam que o guaraná é a sua fonte de energia.”
*Com informações do Portal Amazônia